quarta-feira, 13 de abril de 2011

O tempo...

Falar do tempo é coisa de quem não tem nada pra falar, tipo: "Oi, tudo bem?! E esse tempo, será que chove?"
Não, não, não...
O tempo a que me refiro, é outro... aquele que se revela na pele, nas palavras... na alma.
Família é maravilhoso, né? Bom, falo pela minha...
Desde que me conheço por gente tudo gira em torno da minha avó, que já está com 90 anos.
São três filhos e todas as pessoas que agregam à família, passam a nos ter como referência de família.
Bem...
Todos os sábados, (isso a muuuuuuito tempo) minha mãe e meu tio (irmão da mãe), tomam café na casa da tia (irmã deles). É uma tradição, 7h da manhã sai, cada um da sua casa para tomarem café juntos, comerem rosquinhas de polvilho, se atualizar dos acontecimentos familiares da semana, e depois voltarem para suas casas e continuarem com suas vidas e suas rotinas.
A algum tempo, eu aderi ao "café de família", e mesmo com uma jornada semanal bem puxada, sábado bem cedinho estou lá, para curtir a vózinha, bater papo, rir do tio que tá sempre pegando no pé da vó, e auxiliar a mãe nas compras do final de semana.
No último sábado, a caminho da casa da tia, aconteceu uma coisa que me fez pensar muito sobre o tempo...
Próximo da casa da minha mãe, mora uma senhora que deve ter aproximadamente a idade da minha avó. Eu nem havia reparado nela, na verdade, reparei foi na minha mãe que de repente começou a abanar para a casa do outro lado da rua. Essa senhora mora nesta casa, e infelizmente, ela já não caminha. O tempo, se encarregou de acomodá-la em uma cadeira de rodas.
Segundo minha mãe, esta senhora já foi uma bem sucedida advogada, que muitos casos ganhou e muitas pessoas ajudou com seus serviços.
A gente, quando criança, fica imaginando como vai ser a vida depois de "grande". Lembro de calcular que no ano dois mil, já com 23 anos, estaria casada com um artista famoso, teria dois filho, seria cantora e professora. Hã! Casei em dois mil E DEZ, com um artista, músico, maestro... mas fama mesmo, só de "formiga" pois não pode ver um doce. Não tenho filhos e nem sei se um dia terei, sou cantora amadora, canto no coral, mas não ganho ($$) com isso, e professora... quem sabe se um dia eu conseguir concluir o curso de biologia, trancado a mais de dois anos...
O tempo passa e a gente se envolve tanto com a vida, que não se lembra de aproveitá-la. De realizar os sonhos, de fazer a vida valer a pena...
Olhando aquela senhora na janela, abanando frenéticamente para a minha mãe, numa busca singela de atenção, me pergunto: Será que ela percebeu o tempo passar? Será que deu tempo de realizar todos os sonhos? Será que se sente plenamente feliz e realizada?
Minha mãe disse que, faça chuva ou faça sol, ela está ali todos os dias, e sempre abana para as pessoas que passam do outro lado da rua... Aquela cena me pareceu tão triste... quase uma poesia...
Ver alguém que tanto fez, tanto sabe, ali... a espera de um sorriso e um aceno... Quantas pessoas será que passam por ali e nem sequer vêem aquela mãozinha enrugada a postos, esperando para entrar em ação?!
Me preocupo com o tempo... com a falta de tempo... e com a rapidez com que o tempo passa...
Se algum dia eu estiver em uma janela, aguardando um aceno e um sorriso, espero ter na outra mão uma bela taça de Tanat... ;)

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